Desde
há muitos anos, que a sociedade educa as gerações que se seguem, transpondo os
modos culturais de ser, estar e agir, que são necessários à convivência e ao
ajustamento de um cidadão à sua sociedade.
Ao
analisarmos esta sociedade, verificamos que, atualmente, esta se insere num
novo paradigma, sendo cada vez mais tecnológica. Assim, e uma vez mais, terá de
ser a escola a adaptar-se às novas realidades e aos novos contextos educativos.
Hoje,
a escola concorre diretamente com a Playstation
e tudo o que é interativo e digital, pelo que deveremos usar novas ferramentas
e novos métodos de abordar conteúdos.
As
novas gerações cresceram com um comando numa mão e com um rato na outra, como
referem Lencastre e Chaves (2003), a nova geração nasceu num universo invadido
pela imagem.
Notamos
que, grande parte do uso de uma imagem é unicamente motivador e ilustrativo,
narram Lencastre e Chaves (2003) que é um uso redutor no processo
ensino/aprendizagem, e as suas potencialidades não estão a ser adequadamente
usadas.
Desta
forma, os docentes devem ter em conta novos sistemas de ensino e a forma como
abordam este novo paradigma social. Verificamos que a imagem ilustrou o texto
durante muitos anos, quando a imagem apenas acompanhava o texto. Porém, o papel
do texto nos meios tecnológicos é elucidar sobre algo que primeiro foi
experimentado como imagem, são exemplo os smileys,
caracteres que tentam expressar emoções nos textos. Esta ideia é expressa por
Lencastre e Chaves (2003), quando referem que o ensino pela imagem é importante
porque marca o reconhecimento da imagem já não apenas como um auxiliar que pode
servir outras linguagens, mas enquanto linguagem específica, com valor próprio.
Com
efeito, o ensino pela imagem deve, além de motivar e ilustrar, servir de
instrumento de comunicação e conhecimento, para que um aluno possa obter a
maior quantidade de informação possível. Para tal, o papel do professor é
fulcral, visto que ajudará o aluno no processo de descodificação de uma imagem,
sempre com interações e diálogos com os alunos e estes com os seus pares,
podendo traduzir a imagem em palavras e iniciar um processo que Lencastre e
Chaves (2003) denominam de alfabetismo
visual.
Neste
contexto as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) têm um papel
facilitador no ensino/aprendizagem e, nomeadamente, na divulgação e ensino
através da imagem, pela interação que emprestam e pela motivação que suscitam.
É preocupação de todos os profissionais de educação que todas as crianças
possam viver uma escola inclusiva, na qual qualquer aluno tenha igualdade de
oportunidades e de acesso tecnológico. A
escola inclusiva só é para todos se a todos der resposta e as TIC são a grande
alternativa à aquisição de competências por parte das crianças com Necessidades
Educativas Permanentes (NEP).
Assim
as TIC são um excelente recurso para desenvolver a capacidade de expressão, de
criação e de aprendizagem de crianças com NEP. Assistimos hoje a uma integração
da tecnologia com os antigos métodos de ensino, como já referimos, e diferentes
estudos ilustram que esta é uma realidade que comprova alunos mais motivados e
com aquisição de competências diversas. Por outro lado, os professores recorrem
cada vez mais aos computadores para apresentar os materiais de forma aliciante
e diferente, promovendo o ensino por imagem animada e interativa, fomentando o
debate e interação com a máquina ou o software
e entre os diferentes alunos/professores.
Segundo
Belchior et al (1993), a utilização
do computador não deve estar dissociada do currículo que o professor pretende
implementar. Para se tirar o máximo partido do uso dos computadores é
importante que as actividades feitas com o apoio deste sejam um complemento das
atividades educativas gerais.
Deve
aceitar-se este desafio e estarmos preparados para enfrentar o futuro da
Educação.
Torna-se,
deste modo, necessário explorar as possibilidades que o desafio nos oferece,
executar alguns programas, utilizar outros já existentes, reconhecer o software e identificar o que pode ser
aplicado e qual a melhor forma de o fazer, conforme menciona Raible (1996).
Os
alunos também participam no processo
de ensino/aprendizagem e em parceria com os professores, todos aprendem
fazendo, que é o que acontece quando se trabalha com um computador.
As
crianças estabelecem os primeiros contactos com os computadores através de
jogos que funcionam como que uma ligação íntima com a máquina, oferecendo-lhe o
prazer de brincar, cativando-a, advertindo-a ao mesmo tempo que aprende a mexer
e também a adquirir conceitos e regras, sem dar por isso.
Em
contraste com o ensino tradicional o ensino auxiliado pelas TIC é
potencialmente capaz de uma considerável adaptação, a cada criança individualmente.
Não é alternativa ao ensino humano dentro da sala de aula, já que é o professor
quem orienta, coordena as actividades a desenvolver, como faz em relação a
todos os outros materiais ao seu dispor.
As novas tecnologias deram origem ao
aparecimento de equipamentos específicos para as crianças com NEP, no caso do
espetro do autismo, uma imagem vale imensas palavras e fornece imensas
interações com as crianças (Belchior et
al, 2003).
Brincar é uma actividade característica da
infância. É através desta actividade que a criança constrói a sua aprendizagem
acerca do mundo em que vive, da cultura, do meio em que está inserida. Os jogos
são uma pequena parte desta actividade de construção da criança que se
transfere para o adolescente. O jogo computacional pode ser desenvolvido de
acordo com as necessidades dos alunos, da escola e dos seus professores, assim,
adequando-se a cada meio e aos poucos tornando-se um novo instrumento de
ensino. Poderemos afirmar que as TIC tornam o dia-a-dia das crianças com NEP
mais fácil, contribuindo para a preparação e reabilitação destas crianças.
Quando estamos a trabalhar no mundo da Educação, principalmente com estas
crianças, não nos podemos esquecer da envolvente pedagógica que deverá estar
sempre presente.
É neste enquadramento que surge o
computador e os materiais a ele associados que se tornam interlocutores sempre
disponíveis, desmistificados e humanizados com um papel preponderante no
processo ensino aprendizagem contribuindo para a comunicação, autonomia, a
socialização, motricidade, estimulando o trabalho da criança e favorecendo a
sua aprendizagem.
Não se pode estabelecer uma distinção
entre programas baseados na escola e programas baseados em casa, pois, na maior
parte dos casos, o ensino e a aprendizagem têm que ter lugar em ambos os
contextos para atuarem de forma eficaz na melhoria da qualidade de vida da
criança, tanto no momento presente, como no futuro.
Assim, os professores têm que ajudar os
pais a conceber programas que conduzam à aquisição de aptidões para a vida
diária, bem como os que desenvolvam as brincadeiras e as actividades de lazer. É
um dever, ainda, comunicar quais as estratégias que verificaram ser mais
eficazes ao lidar com a criança em casa e na
escola, tornando deste processo cíclico uma verdadeira experiência educativa
para estas crianças.
Talvez
nunca sejamos capazes de perceber completamente as novas autoestradas da
informação. Mas atenção: os nossos filhos já as percorrem, veem imagens e
interpretam-nas à sua maneira, tornando-se importante uma cultura de educar
pela imagem jogando com as TIC.
Bibliografia
BELCHIOR,
Margarida et all (1993). As Novas Tecnologias de Informação no 1º Ciclo do
Ensino Básico. (1º Edição). Lisboa: Gabinete de Estudos e Planeamento do
Ministério da Educação.
LENCASTRE,
José Alberto & CHAVES, José Henrique (2003). Ensinar pela Imagem. Revista Galego-Portuguesa de Psicopedagoxía
e Educación. N.º 8 (Vol. 10) Ano 7. 2100-2105. ISNN: 1138-1663.
RAIBLE,
Holly (1996). Educar Crianças Cibernéticas. Revista
Pais e Filhos. N.º 67. 42-44.
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