Artigo da revista VISÃO de 9 de maio de 2016
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-05-09-A-escola-invertida-aulas-em-casa-TPC-na-escola
'Aulas invertidas', movimento que começou nos Estados Unidos, propõe usar o tempo na escola para tirar dúvidas e fazer trabalho de grupo e o tempo em casa para aprender a teoria. Os defensores, alegam que é a solução para a crise no ensino
A Internet modificou a forma como fazemos quase tudo. Mas o ensino parece quase invisível a esta revolução. Os manuais pouco mudaram, os programas também. E a forma de ensinar - com o professor a debitar matéria e os alunos a tomar notas - também pouco reflete a revolução tecnológica. As consequências são inevitáveis e têm-se traduzido num afastamento dos alunos, no desinteresse generalizado.
Aqui e ali têm surgido propostas inovadoras que integram as novas tecnologias no programa e no método de ensino. Uma das correntes propõe a inversão total dos papéis, a chamada 'aula invertida' ou 'flipped classroom', de acordo com o nome que lhe deu o seu inventor, o professor de Harvard, Eric Mazur.
Há mais de vinte anos, o professor de Física começou a notar o desinteresse e absentismo crescente dos seus alunos. Então iniciou o que classifica como "um caminho sem retorno". Passou a preparar vídeos sobre a matéria, que disponibilizava aos alunos como trabalho de casa. O tempo das aulas passou a estar consagrado à orientação de trabalhos de grupo e ao esclarecimento de dúvidas. Ou seja, para casa fica a componente mais mecânica da aprendizagem, para a escola a mais ativa.
O método tem vindo a ser seguido em várias escolas de todo o mundo, em diferentes anos letivos. Por exemplo, na escola pública de Madrid, Alcalde de Móstoles, os alunos do quinto ano seguem o método, que exige "muita dedicação e compromisso" por parte dos estudantes, afirma-se numa reportagem publicada no jornal El Mundo. Em casa, os alunos vêem vídeos da matéria. E para a sala de aula levam as dúvidas. As principais linhas orientadoras do método passam por: fornecer os conteúdos com antecedência, de forma a que os alunos se possam preparar antes de ir para a sala de aula; motivar os alunos a serem os protagonistas da sua própria aprendizagem; mobilizar aulas participativas, com discussões e aplicações práticas.
Nas vantagens, os defensores alegam uma adequação ao ritmo individual, já que as aulas em vídeo permitem andar parar e andar para trás. Promovem a comunicação online com colegas e professores, aumentando a motivação.
Os que se opõem apontam para uma grande dependência da tecnologia e um reforçar do tempo de ecrã.
Outro exemplo desta forma de aprendizagem digital é a Khan Academy, fundada por Salman Khan que começou por fazer vídeos para ensinar, à distância, uma sobrinha. Os vídeos tornaram-se famosos e passaram a estar traduzidos em várias línguas. O início de uma revolução, também no ensino?
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